Entre os grupos étnicos dos países Costa do Marfim e Libéria, encontramos o povo Dan, que faz parte grupo Mande.
Entre os grupos étnicos dos países
Costa do Marfim e
Libéria, encontramos o povo Dan, que faz parte grupo Mande. A maior parte deste povo (com mais de 700 mil pessoas) está na região de Man, na República da Costa do Marfim, país localizado na costa oeste da África, conhecida como África Ocidental. Costa do Marfim faz divisas com Mali, Burkina Faso, Gana, Libéria e Guiné, banhado pelo Oceano Atlântico. Suas capitais são Yamoussoukro (capital administrativa e fica no centro do país) e Abidjan (principal e mais populosa cidade, onde fica a sede governo e é o principal centro financeiro do país, que por conta de sua vida noturna badalada e seus prédios modernos, é conhecida como “Manhattan dos Trópicos”). Um número pequeno se encontra no país vizinho, a Libéria, país também da África Ocidental, que, ao lado da Etiópia, são os únicos países não colonizados pelos europeus.
Como todo grupo étnico, o povo Dan possui sua própria língua, cultura, sabedoria, filosofia e religiosidade. São bastante conhecidos por ser uma sociedade guerreira e pela sua arte, principalmente pelos rituais em que utilizam máscaras. Sua origem vem do Sudão, Guiné e Mali. É um povo de economia agrícola, em que cultivam arroz, batata-doce, mandioca, milho, café, cacau, óleo de palma, vegetais e borracha. Vivem da caça, da pesca e da criação de animais, como bois, vacas, cabras, ovelhas, galinhas e algumas aves. Os animais de “carnes brancas” são comidos apenas nos banquetes dos rituais religiosos ou nos sacrifícios para o perdão dos pecados.
A religião consiste no Deus supremo Zlan, criador do universo. Acreditam na reencarnação por meio do Zu (um poder espiritual presente em todos os aspectos do universo) que pode permitir que uma pessoa reencarne em outra ou em algum animal.
A arte é notável pelas esculturas em madeira, e as máscaras são muito mais que arte, representam filosofias, religiosidades e sabedorias, em que os espíritos são incorporados nos rituais por meio das máscaras.
O povo Dan demostra seu poder por meio das máscaras, nas quais invocam e controlam os espíritos como figuras mascaradas, resolvendo diversas situações da sociedade. Por meio do baile de máscaras Gle, as forças espirituais e sobrenaturais prevalecem nos rituais de iniciação com o objetivo de ensinar, nutrir e entreter. As máscaras em miniatura pessoais Ma go, incorporam espíritos tutelares com a função de proteger seu dono, utilizadas também na adivinhação e como um objeto sagrado.
Classificações de algumas máscaras: Gebande são as máscaras mais sagradas, divididas em categorias: máscaras de sangue ou ancestrais (as mais sagradas), máscaras de Gesuya ou vingador (enfrenta os ancestrais e o mestre de Go), máscaras em miniatura (substitutos das máscaras Goge ou Gesuya) e as máscaras Sagbwe (corredor ou vigilante de incêndio). São divididas também em subgrupos: máscaras de cantores, de dançarinos, de contadores de histórias e de mendigos (sua principal função é a de coletar oferendas para os ancestrais).
As máscaras Genome são menos sagradas e suas classificações se relacionam aos conteúdos em que o povo Dan atribui a cada máscara, em vez de sua aparência.
No geral, as máscaras do povo Dan são uma personificação de todos os elementos da sociedade, como educação, paz, guerra, competição, regulamentação social, entretenimento, proteção, sabedoria e religiosidade.
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Colher de madeira, povo Dan, Costa do Marfim, país da África Ocidental. Foto tirada pelo autor na exposição "Outros Navios: uma coleção afro-atlântica", no Centro Cultural FIESP. |
Outras artes notáveis em madeira são as colheres tradicionais e conchas cerimoniais, que também possuem um poder espiritual. O povo Dan também é tradicional no jogo
Mancala, considerado um dos jogos mais antigos do mundo (provavelmente mais de 7 mil anos), que contém uma profunda filosofia da cosmopercepção dos povos africanos e os valores civilizatórios afro-brasileiros, como a ancestralidade, circularidade, oralidade, cosmovisão, filosofia e tradição de matriz africana. O jogo consiste na semeadura e colheita com base na filosofia Ubuntu (eu sou porque nós somos), na partilha e na generosidade. Todas as suas jogadas possuem diversos elementos matemáticos, como como adição, subtração, multiplicação, divisão, progressão aritmética (PA), porcentagem, probabilidade, raciocínio lógico, estimativa entre outros.
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Tabuleiro de Mancala feito em madeira (69 cm x 29 cm), produzido pelo povo Dan, da Costa do Marfim, país da África Ocidental. Foto tirada pelo autor na exposição "A outra África", no Museu de Arte Sacra de SP. |
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