Como já sabemos, África vai muito além de ser o berço da humanidade. É também da Matemática, das ciências, da medicina, da filosofia, da engenharia e
Como já sabemos, África vai muito além de ser o berço da humanidade. É também da Matemática, das ciências, da medicina, da filosofia, da engenharia e de diversos outros ramos do conhecimento humano.
Osso de Lebombo. Fonte: https://www.matematicaefacil.com.br/2016/07/matematica-continente-africano-osso-ishango.html. Acesso em 29/12/2023.
Muitas pessoas me perguntam como é a Matemática Africana, creio que no intuito de folclorizar os saberes e fazeres de nossas irmãs e irmãos do continente mãe. Assim como os povos indígenas de todas as partes do planeta fazem a Matemática de sua maneira de acordo com a aldeia em que vivem, assim como nós e as pessoas moradoras das cidades também fazemos Matemática de diversas formas, os povos africanos também matematizam de acordo com as milhares de regiões e etnias existentes.
Respondendo ao questionamento acima, não existe Matemática Africana, mas sim, a nossa Matemática é Africana! A Rainha das Ciências é uma construção humana, inventada e desenvolvida por nossos ancestrais desde os primórdios da humanidade na África Oriental. Desenvolvida ao longo dos tempos de acordo com as necessidades sociais. Porém, tudo que estudamos na educação básica estão comprovados em diversos objetos considerados matemáticos, onde os mais antigos e os mais importantes são oriundos dos países do continente africano.
O Osso de Lebombo
Neste blog temos registrados alguns desses objetos, como o Ocre de Blombos, o Osso de Ishango, e os papiros de Ahmes e de Moscou. Porém, ainda não tínhamos nada específico sobre o objeto matemático mais antigo da humanidade: O Osso de Lebombo, datado aproximadamente de 35 mil anos a.e.c., no Paleolítico Inferior.
Osso de Lebombo. Fonte: http://www.taneter.org/math.html. Acesso em 28/07/2021. Acesso em 29/12/2023.
Descoberto na Border Cave (Caverna da Fronteira), nos Montes Libombos (ou Montanhas Lebombo), no extremo nordeste de KwaZulu-Natal, entre a África do Sul e Essuatíni, o osso, ou uma fíbula de babuíno, tem 7,7 centímetros com 29 entalhes. Assemelha-se aos bastões calendário utilizados antigamente e ainda hoje pelo povo San, um dos povos mais antigos do planeta Terra, encontrados na África do Sul, Angola, Botsuana e Namíbia.
Povo San. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bosquimanos-Grassland_Bushmen_Lodge,_Botswana_06.jpg. Autor: Mopane Game Safaris. Acesso em 29/12/2023. |
Acredita-se que o Osso de Lebombo era usado para calcular números e medir a passagem do tempo, os ciclos lunares e o controle do ciclo menstrual das mulheres, já que um mês no calendário lunar dura aproximadamente 29 dias e 12 horas (em alguns lugares, conta-se 29 dias em um mês e 30 dias no outro), e no Osso de Lebombo há 29 entalhes. Assim, acredita-se que as mulheres do continente africano foram as primeiras matemáticas da história, já que calculavam seu ciclo menstrual por meio do calendário lunar.
O Osso de Lebombo é o início do desenvolvimento da escrita, do pensamento e dos cálculos matemáticos. Podemos reparar que os seres humanos iniciam sua escrita matemática, sua forma de contagem, semelhante a esse osso. Tanto os Ossos de Lebombo e Ishango, quanto os papiros egípcios são uma continuidade do desenvolvimento matemático oriundo de nossos ancestrais. Ao longo dos tempos, os sul-africanos, os ishangoenses e demais congoleses, assim como núbios, etíopes, entre outros, chegaram em Kemet (Egito) e contribuíram com o esplendor do desenvolvimento na Matemática e demais ciências. Lembrando, mais uma vez, que toda a Matemática que estudamos na educação básica estão registrados nesses documentos, principalmente nos diversos papiros egípcios e lá encontramos diversos cálculos que hoje levam nomes de teoremas de homens europeus, mesmo registrado nesses papiros muito tempo antes.
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