Em livros sobre História da Educação Matemática, podemos perceber que Educação e Matemática sempre foram privilégio da elite. Mesmo com a origem do ser humano e também da Matemática se desenvolvendo na África, somente a ciência europeia é contada nos livros e ensinada em nosso sistema de ensino. Vale lembrar que alguns filósofos e matemáticos gregos estudaram e pesquisaram sobre a Matemática no antigo Egito (África) e que na Idade Média houve grande desenvolvimento da ciência nos países árabes, surgindo a Álgebra e os Algarismos Indo-Arábicos.
Em livros sobre História da Educação Matemática, podemos perceber que Educação e Matemática sempre foram privilégio da elite. Mesmo com a origem do ser humano e também da Matemática se desenvolvendo na África, somente a ciência europeia é contada nos livros e ensinada em nosso sistema de ensino. Vale lembrar que alguns filósofos e matemáticos gregos estudaram e pesquisaram sobre a Matemática no antigo Egito (África) e que na Idade Média houve grande desenvolvimento da ciência nos países árabes, surgindo a Álgebra e os Algarismos Indo-Arábicos.
Por ser fruto de países dominantes, a Matemática formal se impôs a todo o mundo como sendo única, e coisa de “gênio”. Desde a antiga Grécia, Pitágoras e Platão já diziam que a Matemática só pode ser compreendida por alguns escolhidos, por pessoas superiores e que estarão mais aptas para o trabalho. Até hoje, ouvimos dizer que “a Rainha das Ciências” é somente para pessoas inteligentes e existem estudos afirmando que as pessoas que mais conhecem a Matemática são mais bem-sucedidas, com os melhores salários.
Na contramão da Matemática formal europeia, principalmente após o fracasso do movimento Matemática Moderna, na década de 1970, diversos educadores se movimentaram em encontrar soluções contra um currículo comum, que impõe a Matemática como verdade absoluta. Assim, surgiu o Programa Etnomatemática, idealizado pelo brasileiro Ubiratan D’Ambrosio.
No V Congresso Internacional de Educação Matemática, em Adelaide (Austrália), para justificar o termo Etnomatemática, D’Ambrosio (1984) definiu: “etno [ambiente natural e cultural] + matema [conhecer, explicar, entender, lidar com o ambiente] + tica [artes, técnicas, modos e maneiras de]”.
Alguns anos depois, D’Ambrosio (2002), definiu: “etno [o ambiente natural, social, cultural e imaginário] + matema [de explicar, aprender, conhecer, lidar com] + tica [modos, estilos, artes, técnicas]”.
Defino Etnomatemática como o corpo de artes, técnicas, modos de conhecer, explicar, entender, lidar com os distintos ambientes naturais e sociais, estabelecido por uma cultura. Dentre as várias artes e técnicas desenvolvidas pelas distintas culturas, incluem-se maneiras de comparar, classificar, ordenar, medir, contar, inferir, e muitas outras que ainda não reconhecemos (D’AMBROSIO, 1990).
O Programa Etnomatemática visa entender o saber e o fazer de culturas marginalizadas e periféricas, como colonizados, quilombolas, indígenas, classes trabalhadoras, entre outros. Entre as diversas artes e técnicas desenvolvidas por diversas culturas, estão os modos de contar, ordenar, medir, comparar, classificar, utilizar a geometria, a economia, etc.
No planeta em que vivemos, com uma população de aproximadamente 7 bilhões de habitantes, com milhões de culturas diferentes, é impossível que todos (ou até a maioria) entendam e utilizem a Matemática eurocêntrica. Entre os povos distintos, também conhecidos como grupos étnicos, eles utilizam diversas técnicas em sua cultura, entre elas, a Matemática.
Na África (berço da humanidade e da Matemática) existem culturas diferentes não só no continente, mas também dentro de um mesmo país que fala línguas diferentes e utilizam sistemas de numerações diferentes. Há registros que desde a antiguidade o ser humano já utilizava a Matemática no continente e que utilizam até hoje, mas de acordo com suas culturas. Sempre utilizaram conteúdos que são estudados no sistema de ensino formal, como as quatro operações fundamentais, MMC, MDC, frações, equações do 1º grau, progressão aritmética e geométrica, área, perímetro, volume, análise combinatória e até a geometria fractal, utilizando as bases numéricas 5, 10 e 20, de acordo com Paulus Gerdes (professor de Matemática e pesquisador em Etnomatemática), nascido na Holanda e naturalizado em Moçambique, que é referência nos estudos da Matemática no continente africano.
A Matemática formal europeia também é um exemplo de Etnomatemática, a diferença é que essa Matemática foi imposta ao mundo principalmente na época das grandes navegações, resultando nas colonizações de diversos países, e assim impondo às “terras descobertas” a sua cultura. Hoje, considerados países de Primeiro Mundo, demonstram poder por meio da Matemática, ciência e tecnologia, fazendo dela uma linguagem universal.
No Brasil, assim como em outros países considerados de Terceiro Mundo, mesmo com diversas manifestações sociais e culturais, que utilizam cada uma sua própria Matemática, sofre grande intervenção europeia no ensino da Matemática desde os primórdios do ensino no país, com uma única Matemática para ricos e pobres. Entre os diversos grupos sociais e culturais, temos diversos trabalhadores que utilizam a Matemática em seu cotidiano. São da classe social baixa, moradores da periferia. Esses trabalhadores e seus filhos, que estudam no sistema público de ensino, são os que tem as maiores dificuldades em estudar e compreender as fórmulas matemáticas, mesmo utilizando a “Rainha das Ciências” em seu cotidiano.
Obs.: Esse texto faz parte do meu Trabalho de Conclusão de Curso da minha graduação em Pedagogia, com o tema: O Programa Etnomatemática na Educação de Jovens e Adultos.
Em nosso blog, temos alguns artigos demonstrando a Matemática no Continente Africano. Confira!
Acompanhe as próximas postagens, fique atento! Para não perder nada, assine gratuitamente o nosso blog!
Grande abraço e bons estudos!
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